Como viemos parar na Arábia Saudita.

Nunca imaginei que eu e minha família moraríamos em Riyadh, capital da Arábia Saudita, E não é que já estamos em nosso segundo ano por aqui?

Como viemos parar aqui? Acredito que foi uma daquelas oportunidades únicas. Meu marido recebeu uma proposta para trabalhar em uma montadora de carros elétricos local, que faz parte do projeto VISION 2030. O projeto é tão interessante que vou aprofundar no próximo post.

Spoiler: o VISION 2030 tem como principal objetivo diversificar a economia saudita, até então majoritariamente embasada na indústria do petróleo. Sim, é um tanto revolucionário, preparem-se.

Aceitamos o desafio. Ignoramos todos os preconceitos e conselhos recebidos no Brasil e embarcamos nessa aventura.

Chegamos animados para conhecer a nova cultura, tão diferente da nossa, e para viver novas experiências. Nós queríamos enxergar a Arábia Saudita com os nossos próprios olhos. E nos surpreendemos. Positivamente.

Somos conscientes de que estamos testemunhando uma fase de transformação significativa no país e que até 5 anos atrás a realidade era outra, principalmente para as mulheres.

É importante deixar claro: sim, existem desafios e coisas muito diferentes da nossa realidade (como em qualquer outra cultura), mas não são necessariamente ruins, apenas diferentes. 

Colocando em perspectiva, a Arábia Saudita é uma sociedade em desenvolvimento que, por muito tempo, esteve isolada de outras culturas. Alguns costumes estão enraizados e observamos comportamentos que refletem essa realidade em algumas situações.

Exemplos: é comum as pessoas jogarem lixo na rua ou pela janela do carro, permitir que crianças viajem no banco da frente, sem cinto de segurança, ou até no colo do motorista, a 120km/h. Deixar embalagens e restos de comida nas mesas de inúmeros restaurantes de fast-food e cafés ainda são hábitos corriqueiros por aqui.

Apesar das diferenças culturais, é visível o esforço, por parte dos sauditas, em mudar essa realidade. Mas requer tempo.

Em contrapartida, a hospitalidade é uma marca registrada da cultura saudita. As portas das casas permanecem abertas para parentes e vizinhos, prontos para entrar a qualquer momento e serem recebidos com café saudita, tâmaras e doces típicos.

Não nos passou despercebido que essa mesma hospitalidade também se estende aos estrangeiros, como nós. Constantemente somos saudados com um caloroso “Welcome to Saudi” e a curiosa pergunta “Where are you from? Australia? England?” É engraçado observar a imaginação e os esteriótipos idealizados para cada cultura.

Quando mencionamos que somos brasileiros, as reações são de surpresa e alegria. E, é claro, a inevitável menção ao Neymar, que vem na sequência. Também não é raro que motoristas de Uber nos convidem para jantar em suas casas e conhecer seus familiares. Imaginem esse acolhimento.

Aqui, a palavra LIBERDADE ganhou novos significados, diferentes dos que experimentamos no Brasil. Ainda sim, ela existe em nossas vidas. Só que vem acompanhada da sensação de segurança, tranquilidade, prosperidade e abundância.

Estamos nos adaptando muito bem e um dos insights que veio do nosso sim para a Arábia foi o seguinte: não existe uma única forma de vida. Através da experiência em outras culturas, nos tornamos capazes de enxergar o mundo com outros olhos. E se tivermos vontade, podemos encontrar um lado bom em tudo. Sem precisar fechar os olhos para os desafios.

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